[Crítica] Casamento Sangrento (Ready or Not): Here I come...


Eis uma aula de como desperdiçar uma ótima ideia. Aquele sentimento de que tinha tudo para dar certo, mas que no geral, acabou tudo se explodindo no final.

"Ready or Not" (2019), intitulado de forma criativa e bem original no Brasil - "Casamento Sangrento", é um filme com um design de produção bonito e requintado, uma trilha sonora ritmada, efeitos visuais convincentes (quando aparecem) e atuações muito boas, mesmo elas sendo sem carisma algum em personagens mal desenvolvidos. 

É uma pena que minha decepção com esse filme tenha ficado em um roteiro com desenrolar previsível, sem clima algum de suspense e sem graça. Antes do roteiro, o pior é a direção que não soube executá-lo, deixando de explorar seus grandes espaços, de uma forma que favorecesse a história. Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett optam por ângulos "espremidos", com um zoom na cara dos atores praticamente o tempo todo durante os diálogos, limitando bastante a ambientação do filme. Uma mansão enorme quando olhamos de fora, mas que dentro pareceu uma casa de poucos cômodos, mesmo havendo vários.

Fica a seguinte pergunta após o trailer mostrar uma premissa que insere a brincadeira "Esconde-Esconde" associada ao "ready or not..." do título: QUAL A GRAÇA de se esconder numa mansão desse tamanho que foi limitada a poucos espaços? A sensação que fica não pode ser outra que não seja a de frustração, principalmente quando pensamos nas possibilidades de suspense que isso poderia ter gerado.

O problema nem foi esse mero detalhe sobre o mau uso do que se tinha em mãos para expandir sua brincadeira de perseguição, mas o que isso ocasionou em sua continuidade: a visível dificuldade em construir um clímax que envolvesse o espectador, mesmo tendo todas as ferramentas para isso.

Samara Weaving sendo chamada pra brincar de esconde-esconde em "Casamento Sangrento"

O sarcasmo do roteiro em seguir por caminhos mais fáceis que pudessem inserir o humor, acabam destoando e sendo deixados de lado. Se existe algum humor aqui, ele acaba ficando fora do tom e soando de mau gosto. Talvez se tivessem se inspirado na acidez de "A Noite do Jogo" (2018) por exemplo, esse lado teria fluído melhor e de forma mais assertiva.

Apesar dessas expectativas que ele mesmo gerou e não supriu, "Casamento Sangrento" passa longe de ser ruim. Porém, acaba sendo ineficaz, tanto no suspense, quanto no que tenta agregar com o humor. Mesmo que existam alguns pontos hilários e Samara Weaving tenha sido a única que conseguiu expressar algo a mais. Com momentos significativos de gore em seu final, fica inevitável não se lembrar de um Sam Raimi de "Arraste-me para o Inferno" (2009), ou Tarantino de "Kill Bill" (2003). Talvez misturando um pouco dos dois, esse casamento teria sido mais divertido, mesmo que o final provavelmente não teria sido feliz.
_________________
★★ (Fraco | Nota: 4/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR