[Crítica] X - A Marca da Morte: Sátira aos gemidos e gritos


O que impressiona é a aula sobre transições no formato de tela (fullscreen, widescreen ou anamórfico) ou por ele ter sido feito em 35mm, 16mm ou Super-8. Claro que todo o cuidado com a ambientação setentista também chama bastante atenção e nos dá essa impressão que estamos vendo um filme antigo mesmo, não uma produção recente que se passa nos anos 70. Porém, tirando todo esse lado técnico, "X: A Marca da Morte" (2022) acaba sendo uma farofada servida numa porcelana chic

Fazendo boas referências a filmes como "O Massacre da Serra Elétrica" (mas sem o corre-corre por questões de saúde), o que de fato ficamos sem entender é sobre suas reais intenções e onde o roteiro quis chegar com todos os fatores que levanta sem precisar de um Viagra. Se quis passar algum tipo de lição imoral acerca de pudor; nos conscientizar que todos irão envelhecer um dia; se levanta a importância da saúde sexual na 3ª idade; ou se faz uma crítica social/religiosa ao "X-Vídeos" e a todo mercado pornográfico, se despindo do desenvolvimento de seus personagens e buscando mostrar apenas ação entre gritos e gemidos.

Se pararmos para analisar bem, o roteiro de "X" é formado apenas por situações que unem o slasher e o pornô. Mesmo que a sátira esteja presente em sua proposta, acredito que não precisava ter levado tão ao pé da letra. Até mesmo seus vilões estão presentes sem o mínimo de desenvolvimento, onde o surpreendente acaba ficando mais com pontos de interrogação do que de exclamação.

Todos sabemos que o forte de um slasher não é uma história mirabolante, e que na maioria das vezes tudo é construído somente com situações onde todos os personagens são colocados para morrer (e geralmente enquanto estão fazendo sexo), mas poxa? Aqui não temos NADA. Um grupo aluga um espaço numa fazenda do Texas para gravar um filme pornô. Durante a noite, são surpreendidos por alguém diferente que gostaria de participar da festa. Após sofrer rejeição e sua carência não ser suprida, todos precisam sobreviver. Essa poderia não ser apenas a sinopse, mas TODA a história de "X", sem mais subtramas.

Apesar disso, o filme tem seus diferenciais e consegue divertir, mesmo isso estando atrelado a uma aleatoriedade. Se por um lado seus personagens possuem desenvolvimento praticamente nulo, as características de alguns são bem interessantes e guardam mistérios que acabam ficando para uma próxima. Justamente por isso que ficamos nessa sensação de que faltou algo, mesmo que no quesito mortes e gore ele se sobressaia.

Jenna Ortega agindo de forma natural em cena de "X: A Marca da Morte"

Ao mesmo tempo que "X" quer passar um rótulo de "horror elevado" da A24 através de sua ótima estética, ele parece desdenhar do próprio gênero que pertence. Acredito que nisso a intenção do diretor e roteirista Ti West não foi em fazer uma sátira, e acabou soando apenas como uma falha.

Mesmo esse sendo o primeiro de uma trilogia, cada filme é cada filme, e tirando seus pontos peculiares e criativos, suas cenas de mortes cruas e bem executadas e seu pequeno plot twist que o eleva de forma conclusiva, "X" ficou marcado apenas pelo superficial.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR