[Crítica] Mãe! De Darren Aronofsky

"Você nunca me amou, você só amou o meu amor por você."

Não é à toa que um dos cartazes do filme é semelhante a uma pintura, mas esse quadro de Darren Aronofsky possui muitas camadas. "Mãe!" (2017) é um filme que consegue fazer o espectador sentir um turbilhão de emoções, e sem dúvida nenhuma, é uma experiência que eu nunca havia experimentado nos cinemas. Existem muitos filmes que fazem a diferença por nos trazer um frescor, algo diferente e criativo, e isso pode acontecer de muitas formas, sendo de um jeito convencional e "seguro", ou de uma forma que corra seus riscos e que poderá dar MUITO errado caso não haja uma certeza do que se está fazendo. E aqui, acredito que Darren tinha muita certeza do que estava fazendo.

"Mãe!" consegue abraçar todos os públicos, mesmo que seja uma arte com uma profundidade que poucos conseguirão alcançar toda sua essência (sem antes ter pesquisado na internet alguma entrevista com o diretor/roteirista explicando todo o filme). 

Eu particularmente só fui captar que ele continha referências bíblicas em uma cena mais pro final, onde tudo ficou mais explícito e menos implícito. Referências estas que acabam ficando alheias a todo sentimento que surge à flor da pele. E não há dúvidas que a principal sensação é a de VIOLAÇÃO, e o desconforto por aquilo que é invasivo num espaço que uma "mãe!" busca pelo zelo. Por isso, até em sua região de "superficialidade" dentre suas camadas, esse é um filme que dá muito certo por 2 motivos: 

1) Deixar bem claro pro espectador (desde o início) sua proposta SIMBÓLICA. Volto a falar do pôster como uma "pintura" e a subjetividade, característica muito presente na arte. Aos poucos, é como se Darren dissesse ao espectador: "a interpretação fica com vocês". Mesmo que haja uma base de tudo ali e suas pretensões. Assim, somos transportados para esse tipo de narrativa surrealista (um tanto "incomum" no cinema) de forma assertiva por conduzir a relação obra x espectador e por se sustentar dentro de sua própria narrativa. 

2) A IMERSÃO: O que nos fisga em "Mãe!" é justamente estarmos livres em nossa subjetividade, e quando as coisas começam gradativamente a acontecer, já estamos envolvidos naquele pesadelo que começou a se desdobrar e perder totalmente o controle diante dos nossos olhos. 

A simbologia diante de nós em "Mãe!" de Darren Aronofsky

A atuação de Jennifer Lawrence é uma das melhores (se não, a melhor) dentre todos os filmes que já vi com ela. Acredito que em colaboração com um excelente diretor também. No fim, temos um ciclo inquebrável de sentimentos, com reflexões que são totalmente digeríveis, mesmo que isso leve um certo tempo.
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★★★★ (Ótimo | Nota: 8/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR