[Crítica] Venus (2022): Eclipse espanhol entre o thriller e o horror

Baseado no conto do escritor americano H. P. Lovecraft - "The Dreams in the Witch House" - o cinema espanhol traz mais esse bom exemplar, mantendo o frescor de suas características peculiares. O diretor Jaume Balagueró, conhecido pela obra-prima do found footage "REC" (2007), mas também pelos fiascos de suas sequências "REC 2: Possuídos" (2009), "REC 3: Gênesis" (2012) e "REC 4: Apocalipse" (2014), nos traz essa interessante história com um roteiro escrito por ele e Fernando Navarro.

O bacana em "Venus" (2022) é a forma como o enredo transita de uma subtrama à outra, interligando-as e brincando dentro de suas possibilidades. Uma farofa da boa! Desde o início a história consegue prender a atenção, mesmo sem sabermos ao certo onde tudo aquilo irá chegar. 

Um thriller que recebe pitadas sutis de horror. Só não espere outra coisa além disso, até porque, o horror quando aparece é pra levar o filme a alguns deslizes. Mesmo que sua resiliência por conduzir as coisas pro lado da ironia seja algo bem enfático.

As atuações são o grande destaque e é um dos fatores que contribui para a história se manter interessante. Só é uma pena toda essa farofada ter ficado sem um frango. Apesar da sacada no final ter sido pontual (e diria até sarcástica), "Venus" poderia ter sido algo bem mais significativo, mesmo que sua intenção tenha sido seguir um lado mais simplista. 

Seu ponto fraco foi a forma sem surpresas ou impacto que tudo foi acontecendo, mesmo havendo muitos desdobramentos que poderiam ter sido melhor explorados. Mesmo assim, Jaume Balagueró mostra seu talento novamente, com algumas extravagâncias que fogem um pouco do tom, mas que as qualidades também estão ali pelas ruas de Madrid, possivelmente enquanto acontece algum alinhamento astrológico.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)

*Visto em áudio original: Espanhol | Legenda: PT-BR