[Crítica] Sanctuary (2022): Um romance psicológico

O roteirista Micah Bloomberg e o diretor Zachary Wigon criaram juntos um novo subgênero aqui. Depois do "suspense psicológico" e do "horror psicológico", em "Sanctuary" temos o "romance psicológico".

É um filme que se destaca pela proposta que traz como um todo. O roteiro de teor alegórico e diálogos incessantes, a direção obstinada, atuações ostensivas de Margaret Qualley e Christopher Abbott, uma edição que de tão boa nos faz questionar se o filme foi todo filmado num único plano-sequência, e claro, o fato da história passar uma hora e meia de sua duração praticamente dentro de um apartamento, oscilando poucas vezes com o corredor que leva ao elevador e sem outros personagens que não sejam os dois.


Tudo isso por si só, já seria algo a se ressaltar. Afinal, manter um filme interessante do começo ao fim dentro desse contexto, precisaria que tudo estivesse funcionando muito bem e em "Sanctuary" está, principalmente o roteiro afiado de Micah Bloomberg que não demonstra muito interesse em nos contar uma história, mas nos inserir dentro de um joguinho de poder. E isso não quer dizer que haja necessariamente uma história.

Justamente esse frenesi dominatrix que foi o problema. O exagero em seu lado psicológico. Claro que isso fazia parte de sua proposta, mas poderia ter sido melhor dosado, até mesmo em prol do desenvolvimento de seus personagens, um detalhe que o filme ficou devendo. Seu tempo é praticamente inteiro perambulando dentro desse jogo, sem maiores aprofundamentos que fizessem o espectador se aproximar de algo mais significativo. 

Isso o acabou deixando  repetitivo, mesmo com a façanha de conseguir prender nossa atenção até o fim com seus diálogos instigantes e misteriosos. E mesmo recorrendo à cenas picantes à la "cine privé" e momentos de humor bem eficazes nos poucos momentos que aparecem, isso não foi suficiente para fazer o filme sair do que seria apenas promissor, desejando chamar a atenção de premiações. Talvez o que ficou faltando foi uma retórica mais equilibrada dentro de algo estritamente compulsivo.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR