[Crítica] Drácula: A Última Viagem do Deméter


Não sei se o 2º episódio - "Sangue a Bordo" - da série "Drácula" (Netflix) deu esse gatilho na Universal para fazerem esse filme do monstrão. A questão é o desperdício de ideias aqui, quando não, de dinheiro. André Øvredal, do interessante (mas desconjuntado) "Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro" (2019) e do horroroso "Umma" (2022), comanda essa última viagem do Deméter rumo ao nada.

Sem colocar toda a culpa na direção preguiçosa, vamos falar do roteiro ruim de Bragi Schut Jr. (de "Escape Room") e Zak Olkewicz (de "Rua do Medo: Parte 2"), e da edição grosseira e oscilante que deixou o filme todo desritmado, por talvez acompanhar uma história já toda furada. 

Sinceramente, não sei como conseguiram fazer esse filme durar 2 horas. Só fazendo a história acabar caindo numa incoerência mesmo pra conseguirmos explicar tal façanha. Afinal, se os personagens tivessem pensado na possibilidade de descobrir onde o vilão estava escondido no Deméter, por exemplo (durante o dia, quando ele não pudesse sair por conta da luz do sol), o filme não teria passado de 1 hora de duração.


Esse é o problema de ter uma boa ideia, mas não conseguir sustentá-la. Aqui, vemos um Drácula em seu formato mais "monstro" (senão, totalmente monstro) e menos fisicamente "sociável". Além do roteiro escolher seguir um lado em que esse personagem de Bram Stoker pareça não possuir um ponto fraco, também subestima a capacidade do espectador em perceber que não tem como o vampiro bicão se esconder em outro lugar durante o dia a não ser no PRÓPRIO NAVIO. Enquanto isso, corpos começam a surgir entre a tripulação e em nenhum momento ninguém pensa em fazer uma estaca de madeira pra enfiá-la no meio do peito da criatura enquanto ela tira seu sono de beleza.

Mas claro, o filme precisava continuar e se o roteiro se preocupasse em ser coerente e bem escrito, tudo acabaria antes da hora. A questão é que isso abriu um ROMBO no casco do navio antes dele chegar ao seu destino.

"A Última Viagem do Deméter" é uma catástrofe nesses quesitos, mesmo conseguindo mostrar um charme em sua parte visual/estética (fotografia, design de produção e efeitos visuais), justificando seu orçamento de US$ 45 milhões. Uma trilha sonora pra dar uma incrementada? Esqueceram. Cenas que fizessem o Drácula ser mais presente e ter pelo menos uma personalidade? Não acharam necessário. Mas sim, preferiram colocar personagens dialogando bobagens no convés do navio enquanto o vampiro dormia no porão e passava fome, esperando a noite chegar.
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★★ (Fraco | Nota: 4/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR