[Crítica] Dezesseis Facadas: E sua aleatoriedade


Dezesseis facadas inspiradas na violência do "Halloween" de Rob Zombie. A diretora Nahnatchka Khan chegou para traumatizar pessoas e não entendi muito bem se havia essa necessidade, mas tudo bem. Mesmo não havendo muitas, as mortes que aparecem são realistas e geram bastante desconforto por serem bem cruas. A última vez que eu vi esse nível de violência num slasher (e quando digo "violência" não estou falando apenas de gore) foi em "Halloween: O Início" (2007) e "Halloween 2" (2009), ambos massacrados pela crítica, mas inegavelmente filmes que entraram pra minha lista dos mais violentos já feitos, principalmente pelo lado psicológico e o impacto causado com a crueza nas mortes.

Mas voltando para o que realmente interessa (a base), a questão aqui é o roteiro. Escrito por três cabeças - David Matalon, Sasha Perl-Raver e Jen D'Angelo - "Totally Killer" (no título original) é totalmente fragmentado de ideias. Daria tranquilamente para estendê-lo em uma série devido a esse ritmo que eles imprimiram, mas como estamos falando de um longa metragem, isso acabou atrapalhando um pouco a experiência e me fazendo "empurrar com a barriga" pra conseguir vê-lo até o fim.

A começar que não sou muito fã de filmes com viagem no tempo. Não que eu tenha algo contra esse lado da ficção, é que no fundo eu sei que pra isso ser utilizado de forma eficaz é necessário de uma estrutura muito boa, com um motivo no mínimo plausível que se encaixe dentro da fantasia (não vou nem considerar o sci-fi aqui). E desde "A Morte Te Dá Parabéns 2" criei uma certa aversão com máquinas do tempo. 

Mas sem paradigmas que me impeçam de ter ao menos uma diversão, vou analisar esse filme com o que ele se propõe: a ser um nonsense. Algo que, inclusive, está em alta entre os filmes de horror. Porém, em "Dezesseis Facadas" um dos elementos dessa nova onda de produções "horror/comédia" acabou sendo deixado de lado: o humor. O filme se arrasta em questões que estão ali apenas para se tornarem aleatórias, preenchendo seu tempo até que finalmente cheguemos ao momento de descobrir quem é o assassino por trás de mais uma máscara (e seus motivos secretos).

Aquela dúvida entre ser cômico ou assustador, tentando ser os dois em "Dezesseis Facadas"

Tudo isso ao mesmo tempo em que se levanta questões bem interessantes sobre passado-presente, algo já bem utilizado em várias séries e filmes atuais, e que por um momento nos faz até esquecer que estamos vendo um slasher (em que seu lado cômico havia ficado de fora há muito tempo). 

O que salva o filme é a presença da ótima Kiernan Shipka como personagem central, que consegue entrar no estúdio de edição e salvar o roteiro que se encontrava capengando, sem conseguir chegar a lugar algum. O importante é que no fim, essa volta ao passado nos faz passar um tempo com algo que ao menos chegou a algum lugar: o fim. "Dezesseis Facadas" acaba conseguindo entregar (com um único filme) algo bem superior ao que vimos na trilogia "Rua do Medo" (Netflix) por exemplo, e só por isso já é algo válido para se termos um parâmetro quântico.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR