[Crítica] Feriado Sangrento (Thanksgiving)

A sensação que eu tive assistindo "Feriado Sangrento" foi bem parecida quando vi pela primeira vez "A Casa de Cera", remake/slasher de 2005. O sadismo envolvendo a história, uma certa despretensão em ser algo além do divertido e um design de produção que fizesse com que ele pelo menos fosse lançado nos cinemas sem ninguém levantar suspeitas de que poderia ser um filme mais do mesmo ou chinfrim, deixando aquela dúvida em seu marketing quanto a depositarmos ou não nosso dinheiro em algo que talvez não valesse
 tanto à pena. E a diferença entre esses dois filmes é exatamente essa: "A Casa de Cera" é uma produção com nível de ter sido lançada nos cinemas.


Dirigido por Eli Roth (conhecido pelo torture porn "O Albergue"), com um roteiro de Jeff Rendell e baseado numa história coescrita também por Roth, "Thanksgiving" já foi uma ideia dessa mesma dupla, que está presente no projeto "Grindhouse" de 2007, mas que foi ganhar sua versão em longa metragem só agora em 2023. 

Recebeu por aqui o nome de "Feriado Sangrento", o que o título original seria "Dia de Ação de Graças" (tradicional feriado americano), a proposta não é apenas trazer um slasher, mas visivelmente homenagear de forma bem humorada esse subgênero do horror. O problema aqui está na grosseria de seus exageros, que se apresenta de forma descontextualizada e fora de tom. 
As mortes em "Feriado Sangrento" me lembraram bastante a franquia "Premonição". Não que dentro do slasher não haja exageros, mas é que aqui, olha...cheguei a achar que os personagens haviam enganado a morte no evento da Black Friday. 

O assassino não apenas demonstra amar o gore, como também encontra tempo pra uma parte ensaiada. Muitos slashers não foram feitos para serem levados a sério, mas isso não dá abertura pro roteiro seguir duas narrativas: a descontraída e nonsense e a mais séria e assustadora. Acredito que seja possível ambas caminharem juntas, desde que haja algo que dê liga e se sustente. De qualquer forma o roteiro também acaba culminando no previsível, mesmo que se preocupe em levantar várias suspeitas de quem seria o assassino, fazendo isso de uma forma até bem perspicaz no princípio. 

"Eu sei o que vocês fizeram no último Dia de Ação de Graças"

"Thanksgiving" tem seus momentos, com dois pontos altos: a Black Friday e a cena do jantar de "ação de graças", mas que não foram suficientes para o filme se estabelecer como longa metragem. Infelizmente a ideia não amadureceu e o que poderia ter sido um "A Casa de Cera" acabou ficando apenas um "Dia dos Namorados Macabro" (2009). 

Para ajudar, o elenco de "jovens" é um amontoado de Paris Hilton que ficou difícil equilibrar a qualidade na atuação. Pareceu que não houve casting. Pra quem reclamou da protagonista da série "Scream" (Netflix), é melhor não reclamar mais. Com um orçamento de US$ 15 milhões (que pra um filme de horror não é considerado tão baixo) daria pra ter se atentado melhor a isso. Mesmo que um bom elenco não mudaria o fato de eu ter conseguido adivinhar quem era o assassino com uns 30 minutos de filme. E nenhum desmembramento mirabolante seria capaz de contornar isso.
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★★ (Fraco | Nota: 4/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR