[Crítica] Barbie (2023): Em uma crise existencial


Antes de qualquer coisa, assisti o filme sem alguma hype que me fizesse acreditar que ele poderia ser algo que não estivesse lá, e até consegui achar alguns pontos bem interessantes. Mas infelizmente "Barbie" acaba caindo em um problema que muitos filmes ultimamente estão caindo: tentar ser várias coisas ao mesmo tempo e no fim, não acabar sendo nenhuma delas. Não consegui considerá-lo um musical; o que o filme possui de humor é muito pouco para considerá-lo uma boa comédia e no seu AUGE da fantasia o roteiro também acaba inserindo temas reais da sociedade (muito importantes inclusive), mas que ficam mal sintetizados e dentro de um contexto que seria o limite do bom tom.

As filmagens foram feitas num período pandêmico (março a julho de 2022) e é possível perceber muito carinho e amor da diretora e corroteirista Greta Gerwig pelo produto (e marca) que tinha em mãos. Boa parte da graça em "Barbie" está no fanservice, nas ligações emocionais de um público que em sua infância ainda brincava com bonecas. 

Talvez por isso, a ideia aqui nunca foi ser um filme para as crianças dos tempos atuais, possivelmente presas a uma tela de celular. Com classificação indicativa para adolescentes maiores de 12 anos, o filme consegue usar da sátira para fazer críticas sociais e abordar temas como masculinidade e feminismo, sem perder a maturidade no equilíbrio do que seria a busca por igualdade e um lugar de pertencimento.

Sendo bem sincero, o que realmente chama bastante atenção é o seu design de produção, figurino e algumas canções. Algo que talvez justifique o seu orçamento de US$ 145 milhões (justifica?). Enfim, as atuações estão ok, nada do que algo "estereotipado" não resolvesse, e mesmo com um roteiro que perambula por várias direções, mas sem se definir direito naquilo que se propõe, acabamos por contemplar todo o seu lindo tom rosa sem conseguir enxergar algo significativo dentro do que seria um filme. E não estou falando dos temas que ele aborda, mas de uma história atrelada a isso. Há uma tentativa de se desenvolver algo em torno dos personagens (do mundo real) de America Ferrera e Ariana Greenblatt, mas o roteiro se perde deixando isso de lado, e quando chega ao fim, vemos pouco aprofundamento.


Greta teve uma ótima ideia em como trabalhar fantasia X mundo real, conseguindo nos imergir na ideia e executando tudo isso muito bem, mas faltou algo a mais no roteiro que interligasse todas essas coisas a algo maior do que plásticos em seu formato "live action", dentro de uma crise existencial. 
___________________
★★ (Regular | Nota: 5/10)

*Visto em áudio dublado: PT-BR