[Crítica] A Primeira Profecia: Um avivamento diferente na igreja

Algo raro aconteceu aqui. Geralmente vemos muitos filmes com uma premissa muito boa e cheia de possibilidades, mas falhando drasticamente na hora de tirar do papel e executar suas ideias. Em "A Primeira Profecia" é o contrário, e isso não apenas pela metáfora de uma cruz invertida em sua temática, mas por conta de uma execução muito boa perante um roteiro visivelmente mal elaborado. 

Escrito por três pessoas: Tim Smith, Keith Thomas e Arkasha Stevenson (esse último também na cadeira de direção) e com uma história de Ben Jacoby, temos o básico de estrutura para que um filme consiga se manter de pé mesmo em meio aos seus furos. Um prelúdio redondo, que faz referências ao original e se conclui de forma simplória ao que seria "o início" de tudo. 

O que enche bastante os olhos é sua ambientação religiosa e setentista, com bastante verossimilidade e uma trilha sonora que nos gera calafrios gregorianos quando aparece. Mas vamos falar sobre o que realmente conseguiu passar por cima de um roteiro fraco através de muita resiliência: a EXECUÇÃO (direção).

As mortes que acontecem, além de não fugirem muito das características do original, poderiam tranquilamente inspirar os próximos filmes da franquia "Premonição" (Final Destination). São impactantes e na medida certa para que haja ao menos uma diversão, já que a história não tem tanta força, nem surpreenda muito. 

Algo interessante é ele conseguir caminhar dentro de duas propostas diferentes no gênero: o impacto/choque do HORROR e o medo/sustos do TERROR. E faz isso de forma bem satisfatória. 

Um momento que fica bem difícil não citar é a cena de "possessão", que pra mim é uma das mais assustadoras que já vi num filme desse gênero, inspirado talvez em todo o contorcionismo de Jennifer Carpenter em "O Exorcismo de Emily Rose" (2005). 

Nossa querida conterrânea Sônia Braga em cena de "A Primeira Profecia"

"A Primeira Profecia" é um filme bem produzido e com um orçamento razoável pro terror - US$ 30 milhões. (Só não entendi o porquê da classificação indicativa para maiores de 18 anos. Isso pode ter interferido bastante nas bilheterias e daria pra ter sido um +16 tranquilamente). Talvez a "Era dos Reboots" esteja passando e Hollywood agora entre numa nova onda de prequels, e se seguirem o padrão visto aqui, acredito que os fãs do gênero ficarão bem felizes.
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★★★ (Muito bom | Nota: 7/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR