[Crítica] The Moor (2023/2024): Mais sombrio do que um simples thriller

The Moor” – Traduzindo de forma literal podemos chegar no que seria “O Pântano”, mas em relação ao que vemos no filme, seria uma espécie de charneca, com o mero detalhe claro, dela ser assombrada. Aqui no Brasil, charneca é mais conhecida como brejo, daí fico me perguntando se o título por aqui vai acabar sendo “O Brejo e a Escuridão” ou “O Pântano Maldito”, ou algo do tipo, mas o que importa mesmo é o refino de toda obra.

Lançado no Reino Unido em agosto de 2023, "The Moor" ficou dividido entre junho de 2024 quanto ao seu lançamento oficial, provavelmente por algum problema em sua distribuição. A questão é que temos aqui uma grande surpresa que vale muito à pena os amantes do gênero darem uma conferida, e estaremos sempre de olho no cinema de horror britânico, que não é de hoje que chama bastante atenção. 

O filme se divide em dois gêneros na verdade: o thriller, em boa parte de seu desenvolvimento cadenciado e lento mesmo que já apresente alguns elementos sobrenaturais, para culminar propriamente no terror, mas esse chegando apenas em seus últimos atos. Então, não se enganem! Quando “The Moor” resolve revelar seu lado dark é muito mais do que suficiente. 


É uma das histórias sobre “lugares assombrados” mais creepy que já vi em todos esses anos, só não esperem jump scares convencionais, a questão aqui é a atmosfera que o filme causa pela assolação do desconhecido que vai nos deixando com vários arrepios na espinha. Ele faz isso de uma forma que fazia tempo que eu não via: através dos DIÁLOGOS no roteiro. Algo que me lembrou bastante “A Bruxa de Blair” (1999), demonstrando ser uma de suas grandes inspirações.


Dirigido pelo britânico Chris Cronin, que mostra ter um talento com as câmeras já em sua cena de abertura, conseguindo construir bons momentos de tensão ao longo da história, principalmente quando a radiestesia e o sobrenatural entram em cena, porém, é o roteiro de Paul Thomas que se destaca e faz o terror acontecer de forma diferenciada, muitas vezes apenas com uma simples fala de um personagem, em meio ao drama envolvendo culpa, luto e obsessão, com o thriller movimentando a indignação na falta de justiça que se dissipa aos poucos numa densa névoa de buscas. Um lado muito mais sombrio do que pensávamos acaba sendo encontrado e vemos que a justiça na verdade não havia se dissipado, estava apenas oculta nas trevas. 
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★★★★ (Ótimo | Nota: 8/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR