Estreando em agosto de 2024 no Fantasia International Film Festival e chegando na plataforma Shudder agora em fevereiro de 2025, “The Dead Thing” (“A Coisa Morta” em tradução literal) é um thriller indie que poderá surpreender muita gente, conseguindo se elevar dentro de sua proposta simples onde a metáfora de seu título se torna uma crítica social que vai muito além do contexto superficial de sua história. Dirigido por Elric Kane e um roteiro coescrito com Webb Wilcoxen, temos algo bem interessante em tempos de dificuldade criativa.
O erótico na verdade é apenas a retratação do sexo casual e de como o amor líquido pode gerar consequências terríveis, e não apenas para nós. O que chama bastante atenção é a forma como tudo é construído, aos poucos e em detalhes que nos fisga para dentro de seu mistério, tudo devido a um roteiro inteligente e uma edição sagaz, que consegue nos fazer entender suas ideias e a forma que o diretor escolheu expressar sua mensagem. Com isso, temos aqui algo objetivo por sua simplicidade, mas com a força de uma reflexão que transcende o convencional e o torna diferenciado.
Mesmo que o filme não tenha a proposta de assustar e a base de seu enredo esteja no suspense de seus desdobramentos e reviravoltas, “The Dead Thing” (2024) vai conseguir arrancar alguns arrepios (e não será o arrepio de um encontro amoroso) justamente por conseguir se sustentar no que se propõe e de uma forma bem intimista.
Os horrores do ghosting ganharão um novo sentido e entenderemos que se arrependimento matasse, não péra. Ainda bem que conseguimos descobrir no fim de tudo o real significado do amor, mesmo que essa bola de neve sobre defraudação emocional só seja quebrada quando verdadeiramente criamos vergonha na cara. A responsabilidade afetiva com quem está numa "prateleira virtual tóxica" passa a ser também amor próprio, entrando numa balança onde seu contraponto é a liberdade desse ciclo vicioso obsessor, ou não.
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★★★★ (Ótimo | Nota: 8/10)
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR