Eis aqui um suspeito pra falar quando um filme acerta em cheio em sua trilha sonora. Principalmente quando essa trilha sonora é recheada de boas CANÇÕES, e não estamos falando sobre um musical. Nesse quesito, “The Old Guard” (2020) me lembrou bastante o bom gosto das séries antigas, me ganhando desde o início por sua maestria e sincronização em cenas verossímeis de ação em que “The World We Made” de Ruelle entra ao fundo, dentre outras tracks que aparecem em cena e valem muito a pena adicioná-las posteriormente à playlist do celular.
É um filme que talvez me surpreendeu muito por eu ter assistido sem ver o trailer antes, mas isso não tira seu mérito de conseguir ser algo bem diferente de tudo que já vimos, mesmo que Deadpool seja um personagem bem popular das HQs. Dirigido pela americana Gina Prince-Bythewood e escrito por Greg Rucka, criador da HQ ao qual o filme foi baseado, “The Old Guard” (“A Velha Guarda” em tradução literal) consegue se equilibrar entre presente e passado, com um enredo que busca projetar um futuro. E quando falamos de passado, podemos colocar alguns pontos interessantes perpetrados na linha do tempo da história da humanidade.
Não conheço a base mitológica na HQ de Greg Rucka, mas o filme consegue se estruturar de forma eficaz e suficiente para focar naquilo que realmente importa: a ação e seu enredo presente. Afinal, seu corte final ficou em duas horas e cinco minutos, onde deixa bem claro o potencial que tinha de tudo ter virado uma série (e que série seria, Netflix!) Mas no formato de filme ele consegue transitar por flashbacks e entregar o necessário para se sustentar e fazer o tempo correr sem nem sentirmos.
Sobre Charlize Theron, olha...como explicar essa atriz? Talvez ela tenha que realmente ser estudada e sua presença em cena ser avaliada como um elemento cenográfico, atmosférico, como parte do design de produção, sei lá! Algo além da atuação. Ela me assusta. Sempre me assustou. Mesmo que todo o elenco demonstre seu peso e Kiki Layne tenha pedido dispensa do exército pra fazer parte...(ela é atriz? Nossa, achei que fosse do exército de verdade, enfim), a questão é que não falta porradaria pra deixar qualquer fã de Quentin Tarantino de queixo caído.
Em “Atômica” (2017) a mulher já havia mostrado que não estava pra brincadeira quando decidisse fazer um filme de ação, mesmo que aqui, exista algo emocional bem forte, que vai muito além de tiroteios, adrenalina e explosões. “The Old Guard” (2020) se torna especial pela profundidade que não está explícita em suas linhas temporais, mas no conflito de propósitos, nos questionamentos sobre vida e morte e na esperança sobre aquilo que vale realmente a pena lutar. E isso transcende qualquer soundtrack.
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★★★★ (Excepcional | Nota: 9/10)
*Visto em áudio dublado: Português
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR
Músicas que tocam durante o filme:
- Ruelle - "The World We Made"
- Andrea Wasse & Phlotilla - "Going Down Fighting"
- Active Child - "Cruel World"