[Crítica] Pecadores (2025): Western, blues, dentre muitas outras coisas


O diretor e roteirista de “Pantera Negra” (2018) – Ryan Coogler – nos entrega aqui muitas coisas dentro de um único filme, onde um detalhe crucial é preservado quando um enredo é cheio de elementos diferentes: conseguir manter o foco na construção de sua narrativa. Só por esse feito, “Pecadores” (2025) já merece estar num patamar acima, trazendo religião, fantasia, problemas sociais como segregação racial, musicalidade e um flerte com o western, equilibrando tudo isso sem deixar, claro, seu gênero de lado – o horror –, afinal, o filme continua sendo de vampiros. 

Por que musicalidade e não um musical? Porque o filme não é um musical, mas cheio de música, que é diferente. Todo ambientado em 1932 (e quando digo “ambientado”, é porque cada detalhe de cenário nos transporta realmente pra época), vemos uma história com poucos desdobramentos, mas recheada de elementos. Ou seja, o filme vai direto ao ponto, e o ponto é o seguinte: VAMOS ABRIR UM NOVO POINT NA CIDADE. Reúnam-se! E não será como igreja. A noitada promete e ficará marcada pra sempre na história de suas vidas passageiras.

Todos enfrentando a ameaça exterior com muita fé em "Pecadores" (2025)

O roteiro demonstra quase querer deslizar em alguns momentos, mas consegue nos convencer de suas regras. Então, pode colocar estacas de madeira, alho, água benta, convite para entrar, o sol, dentre tantas outras formas de se contar uma boa história de vampiros e de como matá-los. O alto orçamento de US$ 100 milhões não se justifica, mesmo que alguns efeitos e a maquiagem estejam bem dentro do esperado. Pelo menos os vampiros não usam lentes de contato dessa vez. 


Enquanto a casa é inundada pela energia do blues e um inimigo se aproxima no meio da noite querendo acabar com a festa, outro chega pro after. O que não faltou foram motivos pro Michael B. Jordan mostrar o quanto estava preparado para meter bala. “Pecadores” (2025) acaba se elevando por dois motivos: 

1) A música, principalmente um momento bizarro de cantoria entre os vampiros que, de verdade, me deu arrepios, e uma cena em específico da casa em chamas que consegue utilizar da metáfora pra expressar sua orquestra. 

2) Seu epílogo, que coloca uma cereja em cima do bolo e conclui a história de uma forma acima do satisfatório. 

Pra quem se lembra de filmes como “Um Drink no Inferno” (1996), esse com certeza trará uma certa nostalgia, mesmo que sua força e particularidade sejam mais pelo conjunto de toda obra.
____________________________
★★★★ (Ótimo | Nota: 8/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR