A ideia levada ao pé da letra (e que bom por isso). Ninguém mais aguentava a onda do surrealismo que invadiu o cinema do horror e deixou muita gente até hoje sem conseguir ligar os pontos que existiam apenas na cabeça do diretor. Ao ver o trailer dessa novidade, pensei que isso pudesse se repetir, mas o momento agora é do body horror, seja ligado à ficção científica, ou ao sobrenatural, ou a ambos, a questão é o surgimento de novos talentos inspirados por essa nova onda, vindos talvez de lugares subestimados.
Dirigido e escrito pelo estreante australiano Michael Shanks, “Juntos” (2025) consegue unir muitas coisas. A começar pelo gênero, que equilibra de forma bem deliciosa o terror (medo) e o horror (repulsa), mesmo que perca a oportunidade de se jogar de cabeça no gore e aproveitar melhor seus extremos.
Mas antes de tudo, a ideia de Michael Shanks é algo que deve ser ressaltado, principalmente por sua originalidade. Com a metáfora caminhando junto ao literal, vemos uma base de história bem interessante, mesmo que seu foco acabou que deixando de lado um desenvolvimento melhor, e a oportunidade de nos apresentar uma mensagem mais relevante tenha sido desperdiçada.
Por outro lado, a atuação de Dave Franco e Alison Brie (casados e "juntos" na vida real) chama bastante atenção e os efeitos visuais e sua maquiagem impressionam, remetendo nossa lembrança a alguns clássicos. Realmente é uma pena que sua ótima ideia surfando no body horror não tenha se unido a um desenvolvimento melhor de personagens, principalmente no que diz respeito ao casal central.
Algumas subtramas são levantadas, mas deixadas de lado pelo excesso de foco no fantasioso. Ainda assim, “Juntos” (2025) é um bom filme, que possui suas fraquezas, merecia um final melhor, e no meio disso tudo, se mantém ambicioso em sua proposta e consegue se estruturar sem parecer apelativo ou cair no ridículo. Sim, sabemos que as possibilidades disso acontecer eram muitas, já que o cinema de horror tem perdido a mão ultimamente e nos apresentado bombas que, na verdade, eram pretensões do bizarro e que falharam terrivelmente. Que bom que esse não foi o caso.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR