[Crítica] Censor: O "cult" eficaz


Se filmes desse gênero ainda não chamam tanta atenção de premiações, gostaria de saber o motivo da censura. "Censor" (2021) é instigante! Não pro lado ruim da questão, claro. Só diria que, mesmo utilizando de alguns elementos, ele não é um terror/horror. Além de ser mais um filho da "Mãe!" (2017) de Darren Aronofsky, que dá continuidade aos exemplares com essa ótica surrealista. Realmente houve partos, mas esse aqui não é nada bastardo.

A diferença está no êxito e assertividade de conseguir transmitir algo, onde a imersão do espectador na proposta é o oposto de se tentar fazer cenas descontextualizadas descerem goela abaixo, parecendo que toda a graça da história ficou retida apenas na mente do diretor. 

"O Farol" (2019) por exemplo, deixou muito a desejar nisso, e aqui a diretora Prano Bailey-Bond é eficaz pela sensibilidade de conseguir expressar uma mensagem, mesmo que ela esteja cheia de camadas. A força em "Censor" se apresenta também pelo interessante roteiro, que consegue ser genial na utilização da metalinguagem, unindo elementos de "horror elevado" sem parecer banal, desprovido de emoção ou apelativo.  

Niamh Algar como protagonista é outro ponto fora da curva, totalmente entregue ao papel, mostrando que às vezes uma boa atuação não está associada necessariamente a uma performance "escandalosa", mas em conseguir transmitir a complexidade de seu personagem apenas com o olhar. O design de produção e fotografia chamam bastante atenção, fazendo que realmente voltemos aos anos 80. E mesmo que esse estilo de narrativa já esteja começando a ficar saturada e não faça tanto o meu gosto pelas vezes que é utilizada sem necessidade alguma, aqui isso entra para a lista de exceções.
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★★★★ (Ótimo | Nota: 8/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR