[Crítica] Saint Maud: "Santa Matilda"

Esse entra para a lista dos surrealistas diferentões que vai fazer muita gente ficar "what the fuck?" quando os créditos finais surgirem. Em "Saint Maud" (2019) a gotinha sobrenatural e do horror psicológico nos é apresentada somente em seus 
últimos minutos e mesmo com um plot twist que me surpreendeu bastante (e até assustou), ele passa longe de ser tudo isso que andam falando. 

Volto a dizer que o problema não é o roteiro te fazer pensar e ligar os pontos, mas FALTAR os pontos para que ao menos pudéssemos tentar ligá-los. Dessa vez, até se tem os pontos, e depois de um tempo é possível conectá-los para entendermos o que cada detalhe significa na história, o que me incomodou foi o roteiro e a direção praticamente quererem que eu entrasse na mente da personagem pra tentar entendê-la. É como se quisessem estabelecer "camadas" na história, mas não souberam fazer isso com o mínimo de informação e construção. 

O que vemos exteriormente é bem simples, mas o principal e interessante sobre o interior não é mostrado, nos deixando sem entender bulhufas e rezando por uma luz divina para não precisarmos usar bola de cristal e sermos condenados tentando entender tudo. 

A espiritualidade vista em "Saint Maud" é meio diferente

Diferente de "Mãe!" (2017) onde o simbolismo apresentado acompanha uma construção de clímax e imersão do espectador, e a temática bem presente do fanatismo religioso em "A Bruxa" (2015), aqui em "Saint Maud" ficamos a mercê de várias outras questões mal desenvolvidas, onde a religião nem existe na verdade, mas é apenas um plano de fundo idealizado para uma evidente distorção do que seria o bem e o mal.

O filme possui uma boa trilha sonora, mesmo que ela seja inserida de forma descompassada, entrando em cenas que não possuem o mesmo tom. É bacana a sacada da direção em brincar com a metáfora presente nas luzes, dar essa sensação gostosa no espectador de ver alguém caminhando por uma calçada à noite, e de certa forma isso estar interligado à conclusão. 

As atrizes que fazem Maud e Amanda estão ótimas e a transição entre o que seria a "religiosidade" e o "pecaminoso", escancarando de forma abrupta o que seria a "queda do homem" dentro daquele contexto de fragilidade humana, é um ponto dramático interessante, e sei lá, a forma que levantaram o tabu sobre o sexo ser profano e até "errado", foi diferente, mas infelizmente "Saint Maud" não é um filme que deva ser lembrado daqui a uns anos. Talvez porque nem a diretora e roteirista Rose Glass vá lembrar muito bem.
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★★ (Regular | Nota: 5/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR