[Crítica] Midsommar: O rir do ridículo e do bizarro


Ari Aster "passou dos limites" duas vezes. A primeira em "Hereditário" (2018). A segunda com "Midsommar: O Mal Não Espera a Noite" (2019), seu segundo filme. E assim como o legado de alguns diretores que chamaram muita atenção em sua obra de estreia, mas que a decepção veio em sua segunda tentativa de surpreender o público, com ele não foi diferente. Infelizmente, o limite ultrapassado em "Midsommar" foi diretamente para o lado negativo, mesmo que o talento do diretor ainda esteja evidente, e à luz do dia.

O filme beira o ridículo. Tenta mostrar algo diferente, bizarro, e até consegue, mas acaba se perdendo em seus exageros e fica totalmente sem identidade. Sem a necessidade de falar sobre a utilização de religiões pagãs ou sobre o feriado sueco de solstício de verão, mas sobre a escolha do diretor em querer impactar o público a todo custo e com isso, acaba tomando decisões dentro da história que não possuem uma espontaneidade construtiva. Tudo acaba soando como forçado, apelativo, e as próprias cenas com gore evidenciam esse tom gratuito e desnecessário.

O roteiro é simples, não exige tanto esforço para ser compreendido na base de sua história, mesmo em meio a uma enxurrada de simbolismos. Mais uma vez, temos a ausência de trilha sonora para tentar criar uma atmosfera tensa e os ângulos de câmera que ressaltam o talento do diretor. 

Assim como em seu filme de estreia, o luto também faz parte da carga dramática aqui, buscando o abalo emocional do público com esse fator. As atuações são boas, mas os exageros do roteiro e de direção acabam as equiparando com seus excessos.

Essa quadrilha de festa junina tá diferente em "Midsommar" (Ou semelhante? Péra.)

Em determinado momento o roteiro passa do excêntrico para o caótico, além de se tornar algo apenas tosco, nem bizarro e muito menos assustador. Ari Aster tenta nos imergir na "brisa" festiva de sua história, utilizando em tela detalhes surrealistas que nos coloca no ponto de vista do personagem, porém, são qualidades técnicas inúteis pelo contexto sem graça. Tudo nos leva apenas a situações extremas, mas que acabam gerando risos e com isso, ficamos sem saber se a intenção do diretor foi nos chocar com essas bizarrices, ou ridicularizar de forma subliminar uma tradição pagã em cenas que nos leva a sentir vergonha alheia, não um entretenimento.

Florence Pugh em "Midsommar" se sentindo num velório

No fim, a única coisa que podemos extrair de um enredo como o de "Midsommar" (em suas quase TRÊS HORAS de duração, vale ressaltar), foi a mensagem de que nos dias de hoje, o círculo de amigos de seu pretendente é a nova "sogra" dos relacionamentos atuais.
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★★ (Apelativo | Nota: 4/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR