[Crítica] "Não Se Preocupe, Querida": É só uma utopia machista

Até fui pesquisar pra saber se esse roteiro escrito por Katie Silberman, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke foi adaptado de uma outra obra. Não consegui acreditar plenamente que eles conseguiram escrever tanta contradição sozinhos. Talvez eles fizeram isso por realmente encararem com viés o título de que não precisariam se preocupar.

"Não Se Preocupe, Querida" (2022) nos leva a um machismo conservador sem demonstrar querer nos tirar dele. A história utópica estabelece um padrão de "vida ideal", mas se confundindo totalmente onde queria chegar com esse enredo. 

Se na cabeça dos roteiristas eles estabelecem um molde de vida perfeita (mesmo que haja mentiras e manipulações para que tudo seja mantido "perfeito"), é porque eles não souberam sintetizar muito bem a mensagem que quiseram passar, ou eles definitivamente escancaram um posicionamento social fechado e retrógrado, deixando quem assiste um tanto confuso em meio a essa ousadia tendenciosa.

A questão não é só a apologia à família tradicional como algo idealizado, onde a mulher feliz é somente aquela que se limita a ser dona de casa e servir seu marido todos os dias depois que ele chega do trabalho, mas justamente colocar a vida FORA desse padrão como algo negativo e infeliz. 

Isso é tão grosseiro que chegamos a duvidar se realmente essa foi a intenção do roteiro. E se não foi, ele também acaba sendo um DESASTRE de qualquer forma pela contradição em que cai pelo outro lado. Pra não falar sobre a romantização de um relacionamento abusivo entre os personagens de Florence Pugh e Harry Styles.

Mas tirando toda essa problemática/tratativa social, "Não Se Preocupe, Querida" também não escapa de seu ritmo arrastado (tive que dividi-lo em duas partes pra conseguir terminar) e mesmo com uma atuação à la "Midsommar" (2019) de Florence Pugh, nada foi capaz de sustentar o suspense como algo interessante.


O final sem explicações nos dá preguiça de buscar entrevistas na internet com a diretora Olivia Wilde explicando o que não está lá pro espectador pensar. E mesmo que haja uma entrevista em que nem ela saiba direito o que fez, nada no filme nos faz querer entendê-lo (talvez pelo conteúdo irrelevante que ele apresentou em suas 2 horas de duração). Isso porque, depois de tudo, provavelmente deixamos de nos preocupar.
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★ (Ruim | Nota: 3/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR