Cenas fortes e bem construídas. Sem exageros, acompanhadas da delicadeza de uma dança que impacta. Dario Argento vai ter que me desculpar, porque esse entra para a lista de casos esporádicos onde o remake que nunca poderia superar o original, conseguiu ser tão bom quanto. "Suspiria: A Dança do Medo" (2018) é perturbador! Não sei se pela forma que é conduzido ou por simplesmente ficar claro que ele não é um filme comum. Algumas sequências lembram o VHS amaldiçoado de "O Chamado" (2002) e o jeito cru no feitiço de sua dança, sincronizado à personagem em outra sala, mostra o porquê desse filme ter entrado pro meu TOP-10: Melhores Filmes de Terror/Horror.
A direção de Luca Guadagnino é no mínimo curiosa, com zooms, cenas escuras, ângulos propiciosos, tudo que nos proporcione certo incômodo e tensão. Algumas técnicas que dão uma extrema sensação de que estamos vendo uma produção antiga. A própria mixagem e edição de som nos remete ao clássico "O Exorcista" (1973), por exemplo. O roteiro de David Kajganich pega o que o filme original de 1977 tem de melhor e potencializa isso a níveis extremos, seguindo sua própria visão, e mantendo uma fidelidade à base da história original.
Um elenco escolhido a dedo. Liderado por Tilda Swinton, com a participação especial de Jessica Harper (do clássico de 1977) e nomes de destaque como Chloe Grace Moretz, Mia Goth e Dakota Johnson. Essa última como protagonista, numa performance arrebatadora.
Não bastasse a atuação ser um elemento bem difícil dependendo do papel, aqui ainda temos a questão da dança, envolvendo toda uma questão de expressão corporal. Em tudo isso, a credibilidade que Dakota Johnson passa é assustadora. Realmente enxergamos uma dançarina profissional em cena. Até cheguei a pesquisar pra saber se as cenas foram feitas com dublê, mas não.
O design de produção e o figurino são outras qualidades técnicas que valem ressaltar. A fotografia não segue tanto a extravagância da paleta de cores do original, mas ainda assim é muito boa e fria. Achei que seria cansativo as 2 horas e meia de duração (o filme original tem 1 hora e 40 minutos apenas), mas a boa edição contribui muito para que as coisas aconteçam de forma gradativa, mantendo um bom ritmo, mesmo que cadenciado, fazendo com que a história permaneça interessante a todo momento.
Uma obra para se ver naqueles dias chuvosos, debaixo das cobertas, reafirmando seus votos de fé. Assim como em "Hereditário" (2018) e "A Bruxa" (2015), esse filme é daqueles que, de tão desconfortáveis, fica difícil querer repetir a dose. "Suspiria: A Dança do Medo" (2018) acaba sendo um espetáculo do horror que para mim bastou uma vez.
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★★★★★ (Obra-prima | Nota: 10/10)
*Visto em áudio original: Inglês e Italiano | Legenda: PT-BR