[Crítica] Toc Toc Toc: Ecos do Além (Cobweb)

Algo muito parecido é visto em filmes como "Gêmeo Maligno" (The Twin) e "Noites Brutais" (Barbarian), ambas produções de 2022. 

O roteiro traz uma premissa interessante, o desenvolvimento da história é muito bom e até nos apresenta um possível diferencial em torno de seu mistério, mas quando chega o momento onde tudo vem à tona e realmente ficamos sabendo do que a história se trata, o negócio descamba de um jeito que fica impossível classificá-lo pelo menos como algo mediano, de tão ruim seu final.

"Cobweb" do título original, uma palavra no mínimo curiosa, que de forma literal se traduz como "teia de aranha", mas que existe um lado metafórico relacionado a mente/memória e pode significar "nos cantos mais escondidos", e no sentido figurado, uma "confusão ou rede confusa", aqui no Brasil recebeu o título "Toc Toc Toc: Ecos do Além", talvez no intuito de deixar tudo ainda mais confuso e nos fazer pensar que o filme se trata de algo convencional/clichê (o próprio trailer por sinal, é muito calculado para nos confundir nesse sentido), mas que na verdade não é bem o que parece ser e até nos surpreende com algo diferente e interessante em sua construção.


Uma pena o roteirista Chris Thomas Devlin (do recente "O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface", lançado em 2022 pela Netflix) realmente não ter tido uma ideia melhor pro plot twist em seu último ato, e com isso, nem as atuações eficazes, a fotografia bonita, a direção visivelmente esforçada de Samuel Bodin (de "Marianne") e de ser um filme até que bem produzido e com um orçamento estimado entre US$ 20 - 30 milhões, foi o suficiente para livrá-lo de explodir no final.

Lizzy Caplan em cena de "Toc Toc Toc: Ecos do Além"

Em seus primeiros momentos e na forma subversiva como a trama se desdobra e desenvolve seus personagens, é algo realmente muito bom e promissor, mas que infelizmente acaba soando como uma grande perda de tempo da metade para o final. Acho que filmes como "Maligno" (Malignant, 2021) estão gerando uma nova leva de exemplares onde essa deturpação criativa entre o que separa o "grotesco" do "ridículo" se perpetua, e o que poderia agregar ao horror como algo impactante e inovador, está apenas caindo em um despropósito horroroso. 

O gênero terror/horror sempre usou do que seria grotesco ou estranho para nos contar histórias bizarras, mas não necessariamente precisou cair no ridículo. Talvez estejam confundindo essas coisas e o resultado está sendo isso: filmes catastróficos. (Não necessariamente catastrófico com o lucro nas bilheterias, claro). 

Afinal,  quando o roteiro escolhe seguir uma linha mais "séria" e não cômica ou "trash", o que o torna uma bomba é justamente vermos todo seu potencial caindo nessa incoerência e obstinação escancarada, por achar que o público engoliria qualquer coisa. Até mesmo dentro da ficção, por mais absurda e fantasiosa que uma história seja, ela precisa se sustentar dentro do que ela mesma propõe, e infelizmente, esse foi mais um caso em que tudo o que foi construído no início, acabou caindo no chão no final, independente da quantidade de pernas que o tentou sustentar.
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★ (Ruim | Nota: 3/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR