[Crítica] Cemitério Maldito: A Origem (2023)


"Sometimes, dead is better." - 
O slogan que quase vira bordão em "Cemitério Maldito: A Origem", filme que está mais para um spin-off do que uma prequel na verdade, ou mesmo que caminhe numa linha entre essas duas definições, ainda consegue explorar algumas novidades que haviam ficado pelo caminho, se mantendo fiel a base da história original e se equilibrando no que seria ao menos um bom entretenimento.

O subtítulo original - "Bloodlines" ("linhagens de sangue") - não necessariamente carrega a responsabilidade de nos apresentar uma "origem" explicativa de tudo. Mesmo que tenha o foco no passado (mais especificamente no personagem de Jud Crandall, dono do bordão), o filme não possui uma pretensão de revelar todos os segredos da cidade de Ludlow e dos cemitérios que a cerca, mas consegue com sutileza contar uma história fresca, respeitando não só os elementos contidos no livro de Stephen King, mas também estabelecendo algumas ligações simbólicas com o remake de 2019.

Dirigido por Lindsey Anderson Beer (estreante na direção) tendo seu nome também creditado no roteiro, juntamente com Jeff Buhler (do remake de 2019), ela se sai muito bem e consegue surpreender em alguns momentos, não só na direção, como também nas simples escolhas que faz no roteiro. Uma delas que me chamou bastante atenção, foi a ideia de explorar um dos momentos mais assustadores que eu achei do livro "O Cemitério" - a história que Jud conta para o Louis sobre o retorno do soldado morto na guerra, Timmy Baterman. (Algo que nem o filme de 1989 nem o remake de 2019 chegaram a utilizar. Preferiram desenvolver o trauma com a irmã Zelda).

É um filme bem produzido, com uma história que caminha com as próprias pernas, sem se arriscar em se aprofundar demais, mas que ainda assim, consegue divertir e representar muito bem alguns elementos contidos no livro (como a referência ao canibalismo na lenda do Wendigo, por exemplo). 

O que apresenta de novo, faz isso seguindo uma certa coerência. Só achei que exageraram um pouco (chegando até a parecer meio fora de contexto) com o slogan "às vezes, estar morto é melhor", como se a história tivesse apenas essa frase de efeito. Mas nada que atrapalhasse a diversão.


Confesso que assisti com a hype baixa, porque além de ser um filme feito pra ser lançado direto no streaming, ainda tinha o nome do roteirista envolvido no remake de 2019 (um filme que me decepcionou um pouco), mas acabei me surpreendendo com um bom passatempo. Talvez a Paramount desenvolva uma série sobre tudo isso um dia, quem sabe.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)

*Visto em áudio original: inglês | Legenda: PT-BR