[Crítica] Armadilha: Acenda a lanterna quem perdoa o Shyamalan


M. Night Shyamalan carrega essa característica “8/80”, onde já esperamos amar seu próximo filme ou odiar. Acredito que a causa disso seja por sua excentricidade visionária e ousadia em querer desenvolver histórias diferentes de tudo que já foi visto. Até mesmo quando utiliza de elementos ou assuntos convencionais do gênero, sua marca está ali, diferenciada. 


Suas características já são muito conhecidas e justamente por esses riscos que toma, sem medo e sem compromisso de querer agradar a todos, que seus filmes geralmente acabam dividindo bastante a opinião do público. Nos casos em que eu não gostei, foi realmente fazendo jus a etimologia da palavra “gostar”, que tem mais a ver com o fato de não ter comprado a ideia ou por ter me decepcionado apenas com sua proposta, não pelo filme ser propriamente ruim.
 
Porém, em “Armadilha” (2024) aconteceu algo que eu não esperava: eu não apenas não gostei, mas o filme é realmente uma merda. Mesmo eu ainda gostando muito do Shyamalan e o tendo como o melhor diretor do gênero atualmente, que vem se reinventando e se mantendo durante décadas entre seus altos e baixos, mas que aqui, fiquei sem entender o que aconteceu, de verdade. A sensação que tive foi de que ele dirigiu só até a metade, depois entrou outra pessoa (de nível amador) e tomou a cadeira de direção.

Dá muita coisa errada! E a questão é também com o roteiro. Nos primeiros atos tudo é bem construído e o cenário do suspense estava pairando sobre o lugar. Até o filme resolver MUDAR de cenário e inserir forçadamente um protagonismo heroico do último lugar no show que poderíamos imaginar que ele sairia. 

Com isso, “Armadilha” perde sua força e vira um desastre. Não apenas por suas ideias absurdas, mas por acabar caindo dentro de uma armadilha quando tenta sair dela. É aquela velha história de que é melhor entregar o básico fazendo o simples bem feito, do que tentar desdobrar demais e perder a mão em algo mirabolante, mas ruim. 

Correr riscos é necessário para chegar à excelência e se diferenciar, e erros podem acontecer, claro. Mas no caso de “Armadilha” as escolhas erradas levaram o filme para um lugar onde não foi apenas uma questão de gosto. Talvez faltou tempo para analisar melhor a obra antes de lançá-la às pressas, e depois de alguns anos entregando filmes muito bons, como "Batem à Porta" (2023), Shyamalan esteja precisando de um período de férias em família.
_____________________
★ (Muito ruim | Nota: 2/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR