“Noite” do título nacional era pra estar no plural. São várias noites. Mas tudo bem. Finalmente entenderam que é bem difícil existir, realmente, uma “adaptação” para os cinemas de um jogo, mas uma história BASEADA em um jogo, que é bem diferente. Não joguei “Until Dawn” – jogo da PlayStation lançado em 2015 – para conseguir identificar o que está ou não no filme, porém, o roteiro coescrito por Blair Butler (“Convite Maldito”; “Parque do Inferno”) e Gary Dauberman(“It: Capítulo Dois”; "A Hora do Vampiro") assume ser um spin-off que se passa no mesmo universo e expande a mitologia do jogo.
Podemos dizer que temos aqui um pesadelo em formato de filme, e diferente do Freddy Krueger, que deixa suas vítimas acordarem, aqui somos levados por um loop de horrores que dura 103 minutos. Mesmo que haja um desenvolvimento inicial ensolarado, já nos 10 minutos estamos com o grupo de jovens imersos em uma cabana isolada e infernal, buscando encontrar soluções para saírem dali vivos. Achei interessante a forma como utilizaram de vários clichês do gênero de uma forma positiva. Com “Until Dawn: Noite de Terror” (2025) conseguimos enxergar VÁRIOS filmes de terror/horror dentro de um só.
Sua força está mais em chocar o público e nos imergir em seu design de produção primoroso, repleto de cenários horripilantes e dignos de inspiração para muitos “labirintos do terror” nos parques de diversão, mas é nítida a falta de potência em algo que não poderia ser tão fraco dentro de uma ambientação como essa: o medo (terror).
As coisas bizarras estão ali, porém, faltou construir melhor o clímax em torno delas, onde uma trilha sonora talvez pudesse ter resolvido esse problema. E dá pra perceber que o filme tinha esse potencial e intenção de nos dar medo, mas acabou ficando dependente de seus jump scares (que inclusive, alguns são muito bons), para proporcionar emoções dentro dessa montanha-russa. Tudo começa bem, desacelera, e quando desconfiamos que ficará sem graça, os personagens começam a ver vídeos no celular que não estão no TikTok e são capazes de fazer o filme voltar aos trilhos.
No final das contas, o importante é que a diversão para os fãs do gênero está garantida. Pelas mãos do diretor David F. Sandberg (“Quando as Luzes se Apagam”), presenciamos momentos bem marcantes com uma parte gráfica (fotografia) de encher os olhos. Mesmo que o roteiro se complique na hora de tentar nos dar base para sua história, não é algo que chega a atrapalhar, mas que o filme tinha potencial para ser um dos melhores na prateleira dos “inspirados em jogo” ele tinha. Ou, na verdade, será que existem muitos filmes que possam disputar essa prateleira?
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★★★ (Muito bom | Nota: 7/10)
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR