[Crítica] Animais Perigosos (2025): A originalidade em uma metáfora

Logo de início, as referências aos sucessos "Medo Profundo" (2017) e Águas Rasas (2016) já acolhem com entusiasmo os fãs de filmes com tubarões, mesmo que o mergulhar dentro de uma jaula ou uma protagonista surfista, sejam semelhanças meramente superficiais. Apesar dos detalhes, esse novo exemplar anda com as próprias pernas caso seu vilão (que não é um tubarão) não resolva colocá-las como isca no mar. 

“Animais Perigosos” (2025) é um sádico thriller australiano que vai deixar (durante um bom tempo) algumas imagens em nossas cabeças. Por isso, seu grande diferencial está na metáfora de seu título. Dirigido por Sean Byrne e com um roteiro de Nick Lepard, esse filme consegue entregar um dos vilões mais asquerosos que já vi, ao ponto de instigar o desejo de que ele tivesse uma morte lenta e bem dolorosa, ou até de mudar minha opinião sobre existir ou não a pena de morte em um país. 

Interpretado por Jai Courtney, de “Esquadrão Suicida” (2016/2021), o filme faz questão de permear a mentalidade suja desse serial killer, usando de seu senso de justiça retirado do meio de profundas cicatrizes, para nos trazer esse show de horror pela vastidão do oceano, onde ninguém vai conseguir ouvir os gritos das vítimas que acordaram algemadas no porão de seu barco.


Mesmo que o enredo se mantenha dentro de uma narrativa padrão e utilize um desenvolvimento simples dentro de sua proposta, ele consegue agregar originalidade e falar implicitamente sobre muitas coisas. Ancorado nessa luta pela sobrevivência e jogo de gato e rato em que os tubarões recebem a "recompensa", “Animais Perigosos” (2025) consegue ser eficiente por nos gerar agonia e nos chocar com sua frieza e brutalidade, enquanto torcemos por seus personagens em cativeiro. 


O vínculo emocional é utilizado para preencher espaços vazios na história. Sem apelar pra romances baratos, o que encontramos é um romance fofinho, digno de um pedido de casamento no final pelo príncipe encantado, equilibrando todo o clima de tensão. O pedido veio num epílogo? Não veio. Mas daí já seria outro gênero. E realmente uma pena que o principal desejo do espectador tenha sido atendido de forma pouco explorada, afinal, o nível de sadismo foi tanto, que merecíamos tal desfecho.
______________________________
★★★ (Muito bom | Nota: 7/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR