[Crítica] Pânico 5: #ForWes


Antes de começar a falar sobre o filme, segue abaixo o significado resumido de alguns termos que há algum tempo já estão fazendo parte de várias produções, sejam elas do gênero horror ou de outro gênero, mas se tratando de "Pânico 5" (2022), vou especificar apenas 3 deles: "sequel", "reboot" e "remake".
  • SEQUEL (Sequência): filme que possui uma história que continua a de seu antecessor e/ou original. Geralmente possui um número no título (2,3,4...) indicando a ordem das sequências;
  • REBOOT (Reinicialização): uma nova versão de uma obra original, começando do zero e recontando sua história a partir de outra perspectiva, criando uma nova identidade;
  • REMAKE (Refazer): filme refeito com a intenção de modernizá-lo ou atualizar conceitos dentro da própria trama original para apresentá-lo a uma nova geração, podendo ou não ter alterações em sua história.

Sobre algumas ideias e seu título


Em Pânico 4 (filme de 2011) vemos Kevin Williamson e Wes Craven satirizando os remakes (que durante um bom tempo surgiram como uma onda, principalmente no gênero horror) e brilhantemente utilizando deles dentro de sua metalinguagem, algo já característico na franquia, com o slogan: "o remake nunca vai superar o original".

Depois disso, qual foi a ideia dos roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick para Pânico 5? Reiniciar a franquia (reboot)? Ou fazer apenas uma sequência (sequel)? 

Resposta: Nem um, nem outro. Eles preferiram o REQUEL = Reboot + Sequel. Porém, isso acabou resultando na brilhante ideia de tirar o número "5" do título e deixar apenas "Pânico", afinal, o ressurgimento da franquia "Halloween" com o excepcional filme de 2018, serviu como um exemplo dessa nova moda. (Inclusive, o que dizer desse Halloween de 2018? Que é um reboot e também uma sequência direta do original, mas ignorando todas as outras sequências da franquia. Seria ele então um Requel-off = Requel + Spin-off? Olha só, temos mais um termo a ser estudado).

Ou seja, "Pânico 5" nunca deixou de ser SEQUÊNCIA, mas como eles não quiseram abrir mão da ideia de um reboot, talvez o que teria caracterizado melhor esse novo projeto teria sido um outro título. Utilizando o nome da cidade de "Woodsboro" por exemplo, se desvinculando de "Scream". Assim como fizeram na franquia "Jurassic Park", que depois ficou "Jurassic World". Um mero detalhe que aqui, acabou ficando controverso e não funcionou tão bem quanto no reboot de "Halloween".

O mais violento e o motivo mais banal



O que me deixa feliz é saber que PELO MENOS esse 5º filme manteve o mesmo nível de seus antecessores e não é uma bomba enlatada apenas em busca de lucro, isso já foi o suficiente para me deixar aliviado como fã. 
Porém, esse é o roteiro que achei menos criativo dos 5 filmes, mesmo que ele apresente qualidade em outros quesitos e possua uma identidade própria. Diria que dentre os 5 dedos de uma mão, esse seria o "mindinho" que o Ghostface quase arrancou.

Iniciada em 1996, cada filme dessa franquia possui sua particularidade (pontos altos e baixos), mas que até aqui todos eles se pertencem. E isso me deixa muito feliz. Não há como compará-los, porque todos foram feitos de forma específica. 

O gênero horror/slasher celebrou nos anos 90 e celebra agora também. "Pânico 5" se faz digno de participar disso por dois elementos que carrega: #ForWes e o fan service. Mesmo que o que salta aos olhos dessa vez seja o Ghostface e sua sede por facadas, se consagrando como o filme mais violento da franquia. Não à toa ele foi o único que recebeu classificação indicativa para maiores de 16 anos, todos os outros foram +14. 

Ghostface batendo na porta antes de entrar em "Pânico 5"

Por outro lado, sabemos que não só de violência um filme de horror viverá, mas de todo um propósito na história. E o "motivo" do assassino(a) aqui, acaba por ser o pior de todos. Talvez pela preocupação dos produtores em não deixar vazar o final, eles preferiram gravar várias versões, e no final acabaram escolhendo a pior. (Não sei o porquê, mas essa foi a sensação que eu tive, de que o assassino era pra ter sido outro e mudaram de última hora). Toda essa questão não chegou a estragar a experiência, mas com certeza, decepcionou um pouco pelo ar de redundância quando foi revelado. 


Havia me animado tanto por ver que o filme teria quase 2 horas de duração, achando que os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick teriam uma história profunda para contar, talvez focando mais num bom motivo que justificasse o ressurgimento de uma franquia tão querida, mas pareceu que eles estavam mais preocupados em como entregar um elenco enorme nas mãos do Ghostface, e isso leva tempo, claro.

Fora algumas outras decisões que a história coloca à la "Um Lobisomem Americano em Londres" que QUASE faz o filme cair no ridículo. A tão característica metalinguagem que fez dos filmes "Pânico" serem o que são, nesse é onde ela é menos usada. Não podemos confundir REFERÊNCIA com metalinguagem, são coisas totalmente diferentes, e aqui existe uma mistura de fan service (homenagens à elementos da própria franquia) com referências a outros filmes.

A direção de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett carrega muito bem as partes dramáticas em alguns momentos, mas ainda continua com grande dificuldade em gerar o clímax do suspense (dificuldade já vista no filme "Ready or Not: Casamento Sangrento", dirigido também pela dupla). Fica visível os apelos clichês que eles recorrem para tentar assustar o público, como se um filme de horror/slasher tivesse essa obrigatoriedade, mas que fica devendo em nos envolver no principal. 


O trio - Neve, Courteney e David - retornam para nossa satisfação! A solidez está neles. O elenco de novatos não possui um casting ruim, o problema talvez seja no roteiro que escreveu mal seus personagens. Diferente dos filmes anteriores, nesse não há mais tanto carisma (Kirby - "Pânico 4") ou  algum personagem cômico (Jennifer - "Pânico 3").

Mesmo sem esse ter deixado espaço, outra sequência está a caminho. Só não consigo imaginar como será o título, já que esse 5º ficou oficializado como "Scream", o 6º será "Scream 2" mesmo sendo "Scream 6"? E fica essa contradição não só num título, mas no que sua própria história levanta: um ar de encerramento da franquia por justamente saber o momento de parar. Porém, com o sucesso nas bilheterias, espero que a "maldição" de sequências "Stab" (o filme dentro do filme) não se cumpra no próprio enredo de "Pânico". 

Eu sinceramente poderia até preferir que esse fosse o último capítulo mesmo essa sendo minha franquia de horror favorita, fechando assim um ciclo de forma homogênea e concluindo um novo livro de Gale Weathers. Um livro que, dessa vez, seria sobre como deixaram a Sidney ter uma vida normal, criando seus filhos em paz. 
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★★★ (Muito bom | Nota: 7/10)

*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR