Podemos chamá-lo de “thriller eletrizante” sem precisar ser irônico a detalhes da trama? Sim, podemos. “Strange Darling” (2023) vem chamando bastante atenção e realmente possui um diferencial entre filmes que levantam essa crítica sobre a violência contra a mulher. Mesmo que o enredo perca um pouco o controle em alguns momentos e isso não possa ser encarado como um ponto positivo para a história.
Dirigido e escrito pelo americano J. T. Mollner, o desenvolvimento é dividido em capítulos como num livro, mas com a cronologia alternada nessas divisões. Uma ideia bem interessante que contribui para se criar um suspense e ir encaixando suas peças fragmentadas de uma forma que gere impacto em seus desdobramentos.
Talvez esse filme seja o “ponto de equilíbrio” entre "Bela Vingança"/"Promising Young Woman" (2020) e "Noite Passada em Soho" (2021), quando colocamos a acidez de sua “equidade social” numa balança, onde (mais uma vez) temos um exemplar que acaba indo pra lista dos que não sabemos ao certo sobre as reais intenções de sua fonte, mas que nesse caso é possível contornar as bandeiras e estatísticas que se levantam num contexto polêmico e nos divertir apenas com o que ele apresenta de ficção. Afinal, ninguém aguenta mais temáticas sociais sérias sendo utilizadas de forma escrota.
O “strange” do título passa a ser uma “estranheza” como um filme, através da ação frenética que acaba se perdendo dentro do que se mostra como qualidade. Realmente ficamos sem saber os limites de onde tudo poderia chegar, mas faltou um cuidado melhor na execução, já que as atuações são bem acima da média e pareciam estar prontas para tudo.
Apesar disso, é um bom filme, que surpreende em suas reviravoltas mesmo com a direção perdendo a mão em alguns momentos. Sua subversão me levou a acreditar que provavelmente eu não fui o único a pesquisar para saber se houve alguma inspiração que o fizesse de alguma forma ser considerado “baseado em fatos reais”.
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★★★ (Bom | Nota: 6/10)
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR