Não sei dizer se toda essa crise global pós-pandemia acabou afetando direta ou indiretamente esse nicho, juntamente com a greve dos roteiristas em 2023. Ou se simplesmente o mercado cinematográfico vem sofrendo grandes mudanças com essa nova era dos streamings e da IA, para assim conseguirmos explicar o tempo que estamos vivendo e perdendo, quando olhamos para os filmes que vêm chegando nos cinemas com seu padrão de qualidade abalado.
Antigamente, o gênero terror/horror era tratado como o “trash” entre os outros gêneros. Independente de ser bom ou não, havia o preconceito de considerá-lo como “filme B”. Depois, o gênero passou por um crescimento enorme, tanto de criatividade como de investimento, por atrair um público fiel e alcançar números cada vez maiores em bilheteria, sem a necessidade de um orçamento tão alto. Aqueles que eram de “qualidade duvidosa” eram lançados diretamente em DVD e os com uma produção melhor passavam pelos cinemas, mantendo essa espécie de "padrão de qualidade".
Mas de uns tempos para cá, é bem preocupante o que estamos vendo. Hollywood parece estar se perdendo. Ou vemos filmes que se mantêm “elevados” e com uma proposta criativa, ou ficamos diante daquilo que beira a vergonha alheia, uma bomba. Não há uma regularidade, uma preocupação com um padrão de qualidade, mas apenas de um bom marketing para alcançar o lucro nas bilheterias. Nem a época dos sucessivos remakes foi tão prejudicial pro entretenimento como o que estamos vivendo agora. O cinema do “horror psicológico”, do “surrealismo”, e que agora está querendo voltar para o “terrir”, perdeu a noção de várias formas. E não é de hoje que venho sentindo isso.
Produzido por James Wan, que recentemente esteve envolvido em filmes que me entristeceram, como "M3gan" (2022) e "Maligno" (2021) e dirigido e roteirizado por Osgood Perkins, do recente sucesso "Longlegs: Vínculo Mortal" (2024), temos aqui uma história baseada num conto de Stephen King que tenta de forma assumida nos fazer rir daquilo que não tem graça, com a desculpa de que, se não acharmos engraçado, é porque não entendemos a piada.
Algo muito parecido aconteceu com o slasher-comédia-romance "Heart Eyes" (2025), que tenta fazer um mix de gêneros, mas que perde totalmente o foco e acaba virando quase o que seria propriamente um trash, sem a proposta de ser um filme trash. Nessas horas, fico imaginando o que Sam Raimi ("Evil Dead" e "Arraste-me Para o Inferno") e Christopher Landon ("A Morte Te Dá Parabéns" e "Freaky: No Corpo de um Assassino") ficam pensando sobre a real proposta do "terrir" e se conseguiram ensinar direito.
Existem filmes que decepcionam por não conseguirem executar boas ideias, desperdiçando um grande potencial, e existem filmes que até executam muito bem um roteiro horroroso e cheio de ideias absurdas, mas que não consegue utilizar desses absurdos para a comédia, nem pro horror, nem pro trash, chegando a um resultado final em que tudo é só uma bagunça, com diálogos desconexos e que beiram o ridículo. O impressionante em tudo isso, é que filmes assim parecem ter sido feitos como se o espectador não fosse PERCEBER o quanto ele é uma merda. Claro que as cenas de morte aqui, que inclusive, lembram muito as da franquia "Premonição", até possuem seu choque visual, mas os seus exageros apenas ficam no ridículo, não no humor. Talvez o que faltou foi alguém chegar e avisar: "Olha, TÁ RUIM".
Até o esforço de Theo James interpretando os irmãos gêmeos na fase adulta, e o ator mirim Christian Convery (da série “Sweet Tooth”) – cabelo liso, branco e de olhos claros – interpretando os gêmeos na infância, nos deixa essa impressão de que a equipe de casting também deve ser filho de outro pai. Mesmo que a atuação de Christian Convery e Theo James é o que dá um pouquinho de peso, esse mero detalhe nos revela o quanto a produção foi desorganizada, fazendo com que "O Macaco" (2025) se tornasse uma experiência confusa e bem desagradável. Mas talvez todos os pontos encontrados sejam culpa somente da péssima edição, não de um macaco de brinquedo tocando tambor.
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★ (Muito ruim | Nota: 2/10)
*Visto em áudio original: Inglês | Legenda: PT-BR