[Crítica] Handling the Undead (2024)

Enquanto muitos reclamavam sobre a falta de criatividade que Hollywood estava apresentando em seus filmes de terror e suspense, parece que as coisas começaram a se descentralizar e outros países passaram talvez a investir em seus talentos. Algo bacana de se ver, enriquecedor, e por que não, inspirador? 

"Boa Noite, Mamãe!" (Áustria), "O Juízo" (Brasil), "Speak No Evil" (Dinamarca), "Run Rabbit Run" (Austrália), são exemplos do que recentemente vêm chamando bastante atenção, inclusive dos americanos, que em alguns casos não se aguentam e inventam de produzir remakes (que ninguém pediu) desses filmes.

Dessa vez foi a Noruega, trazendo seu exemplar elevado. Com estreia no Festival de Sundance, "Handling the Undead" ("Cuidando dos Mortos-Vivos" em tradução livre) é um filme que vale a pena dar uma conferida caso você tenha gostado de algum desses outros citados. 

Dirigido pela norueguesa Thea Hvistendahl e coescrito em parceria com o autor sueco John Ajvide Lindqvist, do livro de 2005 ao qual a história é baseada, vemos uma sinopse com motivos bem pequenos para nos dar grandes arrepios. Não sei dizer se o filme seguiu à risca a proposta do livro, mas pareceu que alguém leu minha review de "O Cemitério" e resolveu fazer algo com o que ficou faltando lá na adaptação de Stephen King.


Claro que aqui a história é basicamente sobre uma inexplicável "volta dos mortos" (sendo mais específico: algo parecido com zumbis), mas o que de fato me fez lembrar do lado macabro no clássico de King foi o drama acerca da morte de alguém amado e como cada um acaba lidando com a perda, que por algum motivo, retorna. Nisso, "Handling the Undead" faz nosso estômago revirar. O que foi mal aproveitado na adaptação de "Cemitério Maldito", aqui é o que carrega quase toda a história, fixando-se nesse lado dramático abraçado ao horror, deixando um clima bem difícil de definir a real sensação.

O que favorece a obra é a direção refinada de Thea Hvistendahl, que consegue assustar com o que não mostra, e de forma bem sensível, nos chocar com o que mostra. Um lado cru e real do horror, pouco visto por aí. 

O que deixou um pouco a desejar foi o roteiro. Mesmo ele conseguindo driblar com eficácia explicações desnecessárias, temos três subtramas acontecendo simultaneamente aos eventos, mas sem conexão alguma ou algo que tivesse alguma finalidade nelas. A sensação que tive foi parecida com o longa britânico "Stopmotion" (2023), onde a ideia talvez teria funcionado melhor como um curta-metragem. Mas claro, nada que nos impeça de enxergar seus pontos interessantes, dentro do que ele se propôs de forma diferenciada e sutil ao horror.
____________________
★★★ (Muito bom | Nota: 7/10)

*Visto em áudio original: Norueguês | Legenda: PT-BR